sábado, 28 de junho de 2008

LIBERTARTE: pela independência da fome dos artistas


No próximo dia 04/07, será realizado o segundo Sarau do Barangandão no Bar Tribos, localizado na praça (ainda) FECHADA! de São Domingos. Esperamos a presença em carne e verso de nossos amigos, dos amigos dos amigos, e amigos amigos amigos... E que os inimigos (se houver) dêem a cara à tapa!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

SARAU BARANGANDÃO: SEXTA-FEIRA 13


Atenção, libertinos e viciados em arte! A noite de sexta-feira 13 de junho reuniu uma porção de artistas niteroienses, sedentos por expressão, num evento alternativo que extrapolava todas as linguagens, em volta do palco liberto a todas elas. Aconteceu em um bar, TriBos, com todo o tipo de figuras, onde conseguimos juntar música, poesia, fotografia, estórias, desenho e muita “cachaça” da boa. A birinight rolou até às quatro da madrugada, o povo já estava “mortinho” e ainda tinha gente querendo se apresentar.

Decorada com barangandões, pendendo do teto, suspensos e coloridos no imaginário das gentes, a noite já prometia quando os queridos da banda “Universo” entraram com a corda toda.

Astronauta com o seu sax “kinder”, a linda Martina nas cordas acústicas e Pablo com suas falanges de aço no baixo.


Apresentaram “A máfia da felicidade”, entre outras composições próprias levadas com muito swing fantástico, “eu acredito em fadas”... (frase de Peter Pan – estávamos ali encantadamente perdidos na Terra do Nunca.) Contagiados pela “máfia”, músicos afins se armaram de percussão para acompanhar o “Universo” e unir-se aos seus versos.

A mestre de cerimônia, a Barangandoa Thati Verthein, introduziu com chave mágica a história da criação do brinquedo Barangandão.


Os inspirados convidados se situaram e se entregaram à proposta do Barangandão. “Vamos rodar o Barangandão!” O nosso amigo viking Odin mostrou como é que se baranganda.

“Os Ninguém” disseram “Todos somos ninguéns”, e na seqüência, trouxeram uma áurea medieval para a noite de sexta-feira 13, na carona pelo encantamento das fadas. Com canções, violão e instrumentos de lutieria própria. “A gente é ninguém porque não está na Globo... É, ninguém é perfeito”.

“Ninguém violonista” Wesley Brito, “ninguém vocal” Hamilton Ribeiro na melodia acompanhavam “ ninguém percussionista” Antônio Encarnação, que naquela brisa de magia, declamava poesia e descia do palco no fulgor do momento, para recitar “Versos íntimos” de Augusto dos Anjos, com sua voz estridente e envolvente.


Irene Dorte, Irene Ri Dorte! Essa Barangandosa deu uma dose da verdadeira sexta-feira 13, dia de bruxa e loucura solitária da fragmentação do ser, com seus tubos mágicos, brilhantes e sua poesia hexadramática e imersa em si. Ela surgiu de sua capa de sombra, de anja negra, de fios dourados, da renda do nordeste brasileiro fundido com o clássico e moderno allstar.

Uma rebeldia impretérita perfeita...


Novamente estoriando... Dessa vez sobre uma certa Maria que estava encalhada na beira do altar de Santo Antônio casamenteiro – o coitado sobrecarregado deixou Maria na mão. Inebriada pelo ambiente sonoro de Ricardo Werneck, Verthein enovelou um dom brasileiro de “Tico-tico no fubá” a “uma força que nos alerta”...

Logo após, Werneck agrega consonânticos, o Barangandoso Fabio Bastos, Martina e Pablo, à sua estética de choro miúdo.

Os Barangandantes irmanados na filarmonia do seu “cult-rock”, Daya Gibeli e Victor Pessôa defloram suas propriedades musicais, num “Delírio náufrago” como “Uma história dissimulada” de um “Entreato” dizível.

O Amor elíptico subdito.

Reverberância conjugada de Pessôa e Martina, “Meu bem não vejo mal, meu mau veja bem”, com Bastos. Posto “Lado de cachorro magro” em órbita – poesias musicadas, músicas poetizadas: um não sei que de um quê sinestésico.

O casal poesia, Pedro H. Nunes e Louise Lemos, subiu ao palco para nos extenuar arrepios, com estampidos perdidos numa noite de sexta-feira 13. “Poema em linha reta” acabou com o silêncio da madrugada por H. enritmado pelo tam-tam de Martina; na voz-visão da diva Lemos, surge Álvaro de Campos. Heteronímica fusão de estados poéticos.

Para apavorar o beco, o projeto Edifício Lúcia da banda anônima conhecida, trouxe um rock n’ roll sem estribeiras e nem besteiras. Autoral, beatleso e zepellino. Com H., Léo, Cavalo e agregados magnetizados: B.A., Glauber e Astronauta com seu brinquedo “kinder”.

O público etílico não sabia nem por onde ia e vinha. Girava barangandosamente!


Puxando um samba de improviso, Wilson Moreno, bota o barangandão para rodar na ponta do pé. E na cadência do xicuntum e do peguexiquedégueti, acentuada por Werneck, Martina e Bastos, a festa foi até quase de manhã... “É de manhã, é de madrugada, é de manhã”...

E pedindo para ficar, Markito e seu comparsa B.A., cabeça-de-chave da noite, terminaram tocando até “Erguei as mãos”, numa mistura de gospel, samba, rock n’ roll e gêneros não identificáveis. Até que os raios solares precipitaram-se na praça da Cantareira. “Vamos barangandar até...”

Para finalizar solenemente, depois dos caminhos infinitazados, os passos dos Barangandengos se encontram em curvas paralelas no único lugar que ainda restava naquela sepulcral praça FECHADA... uéoéoéoéoéo. Câmeras satélites barangueadas captaram o fim do fim do fim...


Por motivos de forças etílicas e ondílicas, os Barangandílicos não registraram fotograficamente a exposição de desenhos de Fabio Bastos e Julia, as fotografias de Louise Lemos, as poesias de Thati Verthein e de Irene Dorte, e nem o trabalho fotopoético “Cinemascope Brilhante” de Daya Gibeli. Acontece... Acontece que aconteceu o acontecido acontecimento... uéoéoéoéoéo.


Agradecimentos


Renato (Bar TriBos), Pedro Paulo, GiZÉle Valle, aos artistas barangandensos convidados e intrometidos, aos amigos letreiros, históricos e blas afins, a todos os 6 bilhões de terráqueos, três mil alienígenas, meia dúzia de gatos derramados intra-terrenos, sem esquecer das amabilíssimas planárias submarinas que voaram e se multiplicaram em dois, relaxando o clima.


Barangandemos!!!

Encaretidamente, mas de graça.

O Barangandão.

HISTÓRIA DO BARANGANDÃO

BARANGANDÃO

Há muito tempo... Na época das avós de nossas avós, as mulheres reuniam-se na boca do rio. Elas sentavam-se em roda para contar estórias. As mais velhas contavam para as mais novas, as mais novas contavam para as mais velhas, e assim iam... até que o tempo se esvaísse numa imensidão de palavras coloridas. Mas, na roda, sempre havia aquela moça envergonhada, que não queria compartilhar suas estórias. Então, as mais experientes resolveram imaginar uma dinâmica de corpo e, para isso, inventaram um brinquedo que denominaram de BARANGANDÃO.

BARANGANDÃO, o brinquedo inventado, era usado para esquentar o corpo, para relaxar... Elas rodavam, rodavam, ondulavam as cinturas e libertavam suas palavras de calor. Surgiam estórias da vida, estórias do sonho, estórias do medo, palavras inventadas.

BARANGANDÃO tornou-se um instrumento crucial para realização do ritual de iniciação das mulheres, que antes, moças entorpecidas de palavras engravidadas de suas estórias, soltavam o corpo aquecido pela vontade, desejo, necessidade de fazer-se ouvir e compartilhar.

(Adaptação da lenda do brinquedo folclórico)